Simulações computacionais realizadas por professores da Universidade Federal de Campina Grande (PB) mostram que não houve transbordamento das áreas de depósito de resíduos da Alunorte em fevereiro de 2018. O estudo independente também conclui que a Alunorte, do ponto de vista da gestão de águas, pode produzir com segurança a 100% de sua capacidade.
No estudo divulgado pela Hydro, os pesquisadores simularam cenários de armazenamento de água, bombeamento e tratamento, considerando diferentes níveis de produção de alumina e precipitação utilizando plataformas de modelagem e simulação reconhecidas internacionalmente.
A equipe de pesquisa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), composta por 14 pessoas, foi coordenada por Romildo Pereira Brito e Gilmar Trindade de Araújo, ambos professores da UFCG. O estudo foi publicado em 26 de novembro.
“É encorajador que agora temos um estudo independente que afirma que a Alunorte pode produzir com segurança a plena capacidade e que nossos projetos de melhoria contínua nos tornarão bem preparados para chuvas ainda mais pesadas do que as que vivenciamos em fevereiro. Juntamente com os relatórios e confirmações das autoridades brasileiras de que não tivemos nenhum transbordamento dos depósitos de resíduos, este estudo é uma confirmação importante de que a Alunorte é capaz de produzir com segurança”, afirma John Thuestad, vice-presidente executivo da área de negócios de Bauxita e Alumina da Hydro no Brasil.
Gestão de água
A Hydro tem projetos em andamento para fortalecer a capacidade de gestão de água da Alunorte, o que levará a refinaria de alumina a um novo padrão ambiental, segundo a empresa. A capacidade de armazenamento de água deverá ser aumentada em 350% (conclusão prevista para o final de 2018) e a capacidade da infraestrutura de tratamento de água será aumentada em 50% (conclusão prevista para o segundo trimestre de 2019).
O relatório independente atesta que as melhorias realizadas nas três frentes mencionadas (armazenamento, bombeamento e tratamento), estão corretamente projetadas e garantem a segurança das operações da Alunorte. As melhorias foram testadas para chuvas extremas que podem ocorrer apenas uma vez em 5.000 ou 10.000 anos. O estudo conclui que a Alunorte operaria com segurança diante dessas chuvas. Com a melhoria da capacidade de armazenamento e bombeamento, finalizada em dezembro de 2018, o estudo confirma que não haveria necessidade de usar o Canal Velho para liberar o excesso de água da chuva, o que foi feito como uma medida emergencial durante as fortes chuvas em fevereiro deste ano.
Conclusões do relatório
O texto a seguir foi extraído do item “Conclusões” do relatório apresentado pela Hydro:
Um rigoroso modelo matemático em regime transiente para o circuito de efluentes da Alunorte foi desenvolvido, com objetivo de avaliar diferentes cenários envolvendo precipitação pluviométrica, procedimentos operacionais, capacidades de armazenagem, de bombeamento e processamento de efluente.
O modelo consegue reproduzir os acontecimentos entre os dias 16 e 17 de fevereiro de 2018, conforme descrito pela equipe de engenheiros da Alunorte e verificado por análise documental e inspeções de campo durante o mês de outubro de 2018, de modo que fornece precisão suficiente para responder questionamentos oriundos de diferentes cenários, envolvendo: i) capacidades de armazenamento, bombeamento e processamento de efluentes; ii) níveis de produção de alumina e; iii) precipitação pluviométrica.
De acordo com os resultados das simulações:
- O nível das bacias do DRS 1 e do DRS2 não alcançou o valor máximo durante a precipitação pluviométrica ocorrida nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2018;
- No dia 17 de fevereiro de 2018, o canal velho foi utilizado para escoamento do excesso de água de chuva captada na área da refinaria, numa decisão adequada, diante das circunstâncias, visando evitar um potencial risco ambiental;
- Os resultados das simulações computacionais mostram que a redução do nível de produção de alumina da Alunorte não representa aumento na segurança operacional, visto que a capacidade de processamento da ETEI é significativamente maior do que a vazão de efluente gerada pela refinaria, e que esta tem baixa sensibilidade à variação do nível de produção;
- A geração de efluente da refinaria da Alunorte representa entre 10 e 20% da capacidade de tratamento da ETEI;
- As melhorias implementadas ou em implementação na Alunorte, garantem que o sistema de gerenciamento de efluente suporta um evento como o ocorrido nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2018, sem necessidade do uso do canal velho para escoamento do excesso de água de chuva;
- As melhorias implementadas ou em implementação na Alunorte, garantem que o sistema de gerenciamento de efluente suporta um evento de chuva com tempo de retorno igual à 10.000 e 5.000 anos, com duração de 12 e 24 h, respectivamente, sem necessidade do uso do canal velho para escoamento do excesso de água de chuva;
- As melhorias implementadas ou em implementação na Alunorte atende a NBR 13028 de 2017, à qual estabelece que os sistemas extravasores de estruturas geotécnicas com Dano Potencial alto devem ser dimensionados para um tempo de retorno de 1.000 anos ou superior, durante o período operacional da estrutura; e tempo de retorno de 10.000 anos ou superior para o período de fechamento da estrutura.
Diante do exposto acima, os pareceristas concluem:
- Atualmente, do ponto de vista do gerenciamento de efluente, é seguro a Alunorte produzir na taxa nominal de projeto de 6,3 milhões de toneladas métricas de alumina por ano;
- Com os projetos de melhorias que estão sendo implementados, a Alunorte está preparada para possíveis futuras mudanças climáticas, que poderiam ocasionar eventos mais frequentes de chuvas extremas, já a partir de dezembro de 2018.
Fonte: Conexão Mineral